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Quando era criança pensava como criança. E para pensar, utilizava de toda a imaginação possível. Para pensar, costumava ficar debaixo de uma árvore olhando para o horizonte: sentindo o vento e na sua velocidade deixava a imaginação caminhar. O que mais gostava era olhar os trigais, com os seus cachos ainda verdes, formando verdadeiras ondas pelo vento. Ficava horas a contemplar os verdes trigos balançando e as ondas formadas por suas espigas. Iam e viam, num balançar determinado pela própria natureza. Ainda criança, deixava o pensamento correr.
Depois, já adulto, por várias vezes voltei ao lugar onde nasci e cresci. Para lá volto sempre que possível para recordar e para matar a enorme saudade de todos os sonhos que tive sob a sombra fresca das laranjeiras, mangueiras ou abacateiros. Mas, a maior saudade mesmo é aquela da contemplação ao balançar dos verdes trigos. Cada vez que os verdes trigos me vem à lembrança, tenho a plena certeza de que os sonhos nunca envelhecem, como diz o compositor Márcio Borges. Realmente, os sonhos não envelhecem.
Desde criança aprendi que ser homem é ser pensante. As preocupações, as vicissitudes da vida encarregam-se regularmente de nos mostrar que somos, mesmo sendo inteligentes e pensantes, bastante vulneráveis. Contrapondo esta vulnerabilidade, a faculdade de pensar, juntamente com a capacidade de amar, é que nos constitui seres nobres. Não nascemos já pensantes ou amantes. Aprendemos a pensar e a amar. Quanto mais aprendemos a pensar ou a amar, mais temos a certeza de que pouco sabemos.
Verdes Trigos! Verdes trigos é o espaço virtual destinado a todos aqueles que queiram comigo pensar a vida, sonhar, pensar e sonhar.
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